segunda-feira, 16 de junho de 2008

Projetos de Professoras da Rede Municipal de Ensino de Ivoti são finalistas do Prêmio Paulo Sérgio Gusmão.

O Prêmio Paulo Sérgio Gusmão, iniciativa do Grupo Sinos e Jornal NH, que visava identificar, valorizar e divulgar experiências educativas de qualidade, planejadas e executadas por professores de escolas da Região do Vale do Sinos, teve seu encerramento e entrega de troféus no dia 13 de maio de 2008. No total foram 169 projetos inscritos, e entre esses, encontravam-se os projetos das professoras Denise Soares Arnold e Vanessa Prass, que foram premiados com o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, na categoria Educação Infantil. Seus projetos intitulam-se "Amizade, abrindo as asas para o mundo" e "Brincando com o corpo e a diversidade na educação infantil".

"Amizade, abrindo as asas para o mundo"

O projeto da professora Denise Soares Arnold, que atua na Escola Municipal de Ensino Fundamental Concórdia, foi realizado com duas turmas de pré-escola, uma de Novo Hamburgo, outra de Ivoti. Em conversa com o Fala Profe, Denise relatou um pouco sobre esse projeto tão interessante.

Segundo Denise, o projeto teve início com a proposta de os alunos da Escola Concórdia se comunicarem com outra turma da cidade de Novo Hamburgo. Os alunos animaram-se muito com a idéia. Em um segundo momento, foram escritas cartas para a turma a ser visitada. Durante a escrita, as crianças tiveram que dizer quem eram, onde estudavam, o que faziam na escola, ou seja, resgataram seus conhecimentos e sua identidade. Segundo a professora, "um grande desafio foi preencher os envelopes. Os alunos questionaram-se o porquê do endereço, como se organiza cidade-bairro-rua-número, qual era o remetente e qual era o endereço de nossa escola".

Juntamente com as cartas, conforme Denise, assinadas por cada um, foram enviadas fotos, que tornaram mais concreto aquilo que era escrito. Essas fotografias auxiliaram muito as crianças a compreenderem o que era relatado. Com a chegada de cartas e e-mails da outra escola, os alunos começaram a comparar as cartas recebidas: número de alunos em cada turma, brincadeiras que desconheciam ou já haviam aprendido, nomes e funções de pessoas que trabalhavam na escola, tamanho das escolas.

Em uma outra etapa do projeto, os alunos visitaram o correio, onde além de depositar uma das cartas e vivenciar esta etapa, conversaram com uma funcionária que lhes explicou como o envio acontece. A turma também criou um e-mail nas aulas de informática. A partir disso, discutiu-se como a internet funciona. Através desse endereço eletrônico, a turma trocou correspondências com seus novos amigos. "Como esses e-mails foram escritos em conjunto, cada um teve ainda que aprender a esperar sua vez de falar, uma vez que todos tinham muito para contar ", afirma Denise.

Segundo Denise, "além do correio eletrônico, conversamos e exploramos também outros meio de comunicação (TV, telefone, jornais...) e suas funções. E, partido dessas conversas, surgiram questionamentos sobre como uma pessoa surda ou cega pode se comunicar. Os alunos então tiveram contato e conheceram um pouco sobre LIBRAS e BRAILE".

“Um jeito de falar com as mãos”, parte do projeto, iniciou-se com brincadeiras de mímica, e culminou na elaboração de vídeos da turma e de um pequeno dicionário com palavras escolhidas para aprender a dizer - sem falar - em LIBRAS. “A língua das bolinhas”, mais um segmento trabalhado, foi encontrada em caixas de produtos coletados. Também foram confeccionadas fichas com os nomes dos alunos e com as letras do alfabeto em BRAILE. A turma ainda aprendeu como são organizadas estas “bolinhas”.

Por fim, a turma da escola Concórdia visitou seus amigos de Novo Hamburgo e eles vieram a Ivoti. Nesses encontros ambas as turmas conheceram-se pessoalmente e puderam ver a realidade e as brincadeiras relatas nas cartas. "Além disso", diz Denise, "nos divertimos muito juntos, sem contar que vimos lá tudo o que mandamos pelo correio! Conhecemos um pouquinho mais desse nosso mundo... Abrimos as asas para o mundo!"

Segundo Denise, a proposta do Prêmio Paulo Sérgio Gusmão foi muito importante, por valorizar e divulgar trabalhos que são feitos nas escolas. "Foi muito gratificante ver meu trabalho entre os finalistas, até mesmo porque não acreditava, quando me inscrevi, que chegaria a tanto, afinal, a abrangência era grande. O fato de as famílias poderem levar o jornal para casa – prêmio que a escola recebeu – também é ótimo. Esse contato estimulou os alunos e causou uma movimentação muito legal de se ver" - Denise Soares Arnold.

"Brincando com o corpo e a diversidade na educação infantil"

Assim como Denise, Vanessa Prass, professora da Escola Municipal de Educação Infantil Bem Querer, também nos contou um pouco sobre seu interessante projeto.

Conforme a professora, é na infância que as crianças descobrem seu corpo e tudo que podem fazer com ele, começam a explorá-lo de todas as maneiras. Sendo assim, este é um excelente momento para trabalhar a questão da diversidade, conscientizar as crianças de que cada um possui suas características e diferenças, construindo conceitos respeitosos uns com os outros.

O projeto foi realizado utilizando-se bonecos e bonecas confeccionados com diferentes características físicas, tais como: obesidade; cor de pele branca, negra, indígena; com machucados; entre outras. Com o objetivo de trabalhar o corpo e a diversidade através do jogo de faz-de-conta, a turma, em sua sala, construiu um hospital, depois de conhecer as bonecas e realizar diversos debates.

Nesse hospital, havia diversos materiais à disposição, como réplicas dos instrumentos médicos, jalecos, toucas, luvas e acessórios para fazer curativos. A partir da curiosidade observada nas crianças, convidou-se uma enfermeira para conversar e explicar como são utilizados alguns dos instrumentos médicos, ensinando às crianças o nome e utilidade de cada um.

Trabalhou-se também a história “Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado. A partir dela, as crianças tiveram contato com a boneca negra; a boneca cadeirante, a partir de qual aprenderam sobre a construção de rampas; a boneca cega e a surda, as quais trouxeram conhecimentos sobre o Braile e a libras.

Segundo Vanessa, "a construção do hospital junto com as crianças foi uma experiência fantástica. As crianças começaram a incorporar um papel diferente, um diálogo apropriado para a brincadeira, podendo ver e analisar os fatos de forma divertida". A professora afirma ainda que a contribuição da comunidade foi bastante importante, pois puderam auxiliar o grupo no que foi necessário, deixando o projeto mais rico e as crianças cada vez mais interessadas e envolvidas no assunto.

Considerando que nessa idade as crianças estão construindo o conhecimento corporal e desenvolvendo suas capacidades motoras, conforme Vanessa, as diversidades físicas não passam despercebidas, mas, são muitas vezes, motivos de zombaria e exclusão do grupo, não pertencendo aos parâmetros normais impostos pela sociedade. "A partir disso, pude perceber que as atitudes das crianças frente a essas diversidades foram se transformando aos poucos, sensibilizando-se, interessando-se e envolvendo-se cada vez mais com essas pessoas, que eram muitas vezes excluídas pelo grupo", relata a professora.

"Apesar de algumas pessoas ainda considerarem bonecas uma brincadeira para meninas, os meninos da turma não demonstraram receio em brincar com elas, nem as famílias se opuseram a isso, se divertiram tanto quanto as meninas incorporando os personagens", comenta Vanessa Prass.

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